PM Preso por Assassinato de Delator do PCC em Guarulhos; Reconhecimento Facial e Operação Revelam Rede Ilícita

Na manhã desta quinta-feira (16), um cabo da Polícia Militar foi preso em São Paulo, suspeito de ser o autor dos disparos que mataram Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC). A execução ocorreu no Aeroporto Internacional de Guarulhos em novembro de 2024. A identificação do suspeito foi possível graças a tecnologias de reconhecimento facial e análise de dados de sinal telefônico, segundo informações do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.

Como o suspeito foi identificado

O cabo foi colocado na cena do crime por meio de uma combinação de evidências: imagens de câmeras de segurança do aeroporto e dados de antenas de rádio próximas ao local no momento do assassinato. Além disso, a Corregedoria da Polícia Militar conduziu investigações que também incluíram a quebra de sigilo telefônico do policial. “Esses fatores nos levaram a concluir que ele estava no local e envolvido diretamente na execução”, explicou Derrite.

A identidade do suspeito ainda não foi divulgada, pois o caso segue em segredo de Justiça. O Instituto de Criminalística (IC) realizará comparações genéticas entre materiais coletados no local do crime e do policial preso. Até lá, a prisão temporária do cabo poderá ser convertida em preventiva.


Escolta ilegal e rede criminosa na polícia

O caso revelou uma rede de policiais envolvidos em atividades ilícitas. Outros 14 PMs foram presos por integrarem a escolta pessoal do delator, organizada fora dos padrões legais. Segundo a Corregedoria, os militares tinham ciência do histórico de Gritzbach, investigado por duplo homicídio de líderes da facção e lavagem de dinheiro.

Entre os presos estão dois tenentes, apontados como os gerenciadores do esquema. Um deles era responsável pela organização da segurança pessoal de Gritzbach, enquanto o outro ajustava escalas de serviço para permitir a participação de policiais no trabalho ilegal. “Esses agentes aderiram voluntariamente ao esquema, cientes de que estavam favorecendo um criminoso ligado ao PCC”, afirmou o secretário.


Mandante do crime e evolução do caso

De acordo com a diretora do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Ivalda Aleixo, o assassinato foi encomendado por líderes do PCC. A investigação ainda busca identificar qual integrante da facção ordenou a execução.

As apurações começaram em março de 2024, oito meses antes do crime, após denúncias anônimas sobre o vazamento de informações sigilosas por policiais para beneficiar criminosos. A partir disso, foi instaurado um inquérito policial militar, que desvendou o envolvimento de militares ativos, da reserva e ex-policiais no favorecimento de líderes da facção.

Além de escoltas ilegais, o esquema incluía proteção para evitar prisões e prejuízos financeiros aos integrantes da facção. “A descoberta desse sistema criminoso dentro da polícia reforça nosso compromisso com a transparência e a punição de envolvidos, sejam eles civis ou militares”, concluiu Derrite.


Próximos passos

A Operação Rodotes, que resultou na prisão do cabo, continuará desdobrando investigações sobre o envolvimento de outros militares e a origem da ordem para assassinar Gritzbach. As autoridades também se dedicam a identificar conexões entre a escolta ilegal e outros crimes atribuídos ao PCC.

Agora, a polícia se concentra na análise das provas coletadas, enquanto o Instituto de Criminalística realiza exames genéticos que podem selar o destino do cabo suspeito.

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